Novamente estive garimpando arquivos dos meus HDs antigos, e descobri que ainda havia outro conto que escrevi, este não tem nexo nenhum com o anterior, que já postei a pouco tempo ().
Se não me engano, acho que postei isso na antiga SK, tanto que até comecei a fazer uma animação sobre o tema. Infelizmente perdi os arquivos .FLA e .SWF.
OriliX
Era um laboratório. Cabos de eletricidade espalhados pelo chão, paredes de metal, ferramentas na mesa e uma câmara, em forma cilíndrica, no centro. Havia pouca iluminação, somente um pequeno holofote ligado. Dentro da câmara, uma silhueta inanimada flutuava no líquido cristalino e esverdeado. Uma parede de vidro temperado separava o experimento dos pesquisadores. Estava tudo preparado.
-Saúde, OK!
-Fornecimento de energia, OK!
-Estabilidade, OK!
-Atividade cerebral, OK!
-Vamos começar.
No líquido uma substância escura é injetada. Aos poucos a mistura e se agrega à silhueta, de forma a deixar marcas em forma de listras no pequeno corpo.
-Algum resultado?
-Somente visual... Espere, temos uma coisa!
Todos se viraram para este diante à exclamação. Ninguém acreditava, afinal vários testes foram feitos antes, e nenhum dera resultados positivos. O trabalho duro e os esforços pareciam estar dando frutos naquele momento.
Dentro da câmara, impossível de não se ver o efeito da substância. Seus punhos ficavam maiores, as orelhas cresciam e os músculos se enrijeciam.
Era extraordinário, finalmente um resultado vantajoso. Os membros do grupo se cumprimentavam pelo sucesso, porém a mistura continuava agindo, até que...
*Scraassshh!!!*
O vidro da câmara e a parede são estraçalhados devido à pressão, o líquido inunda o laboratório, os cabos de energia caem em curto eletrocutando a todos. Gritos de agonia tomaram todo o local, desde os corredores aos abandonados andares vizinhos, não havia como sair, todos estavam mortos.
Porém, algo ainda se movia.
Diante da luz do holofote, que piscava aleatoriamente, sua silhueta desaparece revelando a consequência do experimento falho. Sua pele sofrera descoloração, suas mãos eram grandes e as orelhas caíam em suas costas, como cabelos, de tão compridas que estavam. As listras formadas pela reação permaneceram impregnadas ao seu corpo.
Estava agachado com uma mão no chão e outra retirando a placa de metal de cima de sua cabeça, esta que antes fazia parte da parede. Abriu seus rubros olhos e notou os cadáveres queimados no chão, estava confuso, não entendia o que acabara de acontecer. Não hesitou em fugir, não queria morrer também.
A cada vez que corria mais se perdia nos vastos corredores vazios repletos de cabos e disjuntores em curto. Enfim encontrou uma porta aberta com esperança de ser uma saída, correu para a mesma, mas parecia que seu pesadelo apenas continuava. Outras câmaras, semelhantes àquela que o mantinha desacordado, ocupavam toda a sala. Andou entre elas observando cada um de seus conteúdos, ainda com o pânico encravado em seu rosto, teve sua atenção voltada a uma em especial, no fim da sala. O fazia lembrar-se de alguma coisa, alguma coisa familiar, mas antes que possa se lembrar o teto desabou, devido a uma sobrecarga. A queda não o atingiu, mas abriu uma nova passagem, por cima. Deu uma última olhada para o que estava naquele líquido alaranjado e subiu nos pedaços de metal e concreto até chegar ao próximo andar.
O ambiente era totalmente diferente, exceto pelo fato de também estar abandonado. Os pisos e paredes eram brancos e as lâmpadas fluorescentes, algumas quebradas e outras piscando, havia vários computadores, um deles ainda com o monitor ligado, nele algo estava escrito:
Experimento X: Reação positiva.
Enviado.
O aspecto do ambiente era de que tudo foi deixado às pressas. No fim do corredor, tangente ao local, um elevador. Desesperado, correu o mais rápido que pode e apertou o botão. Um lado da porta se abriu dificilmente, enquanto a outra permaneceu imóvel.
Dentro do elevador para sua surpresa e mais espanto, manchas de sangue por toda parte, principalmente no teto que chegava a gotejar. Um braço ensanguentado e arranhado pelas ferragens caiu pendurado. O pânico voltara a tomá-lo como vítima, correu para o outro lado do corredor onde terminava em uma escadaria. Não pensou duas vezes e continuou seu percurso para cima.
Enquanto subia ás pressas, podia ouvir gritos e gemidos através dos andares decorrentes, passou por mais três deles até que pode ver a luz no fim dos degraus. Agora estava próximo da saída, não havia mais nenhuma porta ou outra sala sinistra, somente a saída...
Os olhos do medo
Deixando o assombroso laboratório, o indigente agora se depara com algo ainda pior: A realidade.
Vagando pelos becos escuros de uma melancólica noite chuvosa, seus passos lentos e desanimados. No momento apenas lembrava-se dos horrores daquele estranho laboratório.
Questionava a si mesmo enquanto caminhava vagarosamente:
O que aconteceu? Quem ele era? Ou pelo menos “o que” era?
Em um instante parou e olhou pra si mesmo. Era estranho, não se lembrava de nada antes do acidente, parecia que suas lembranças foram tiradas à força e presas para nunca serem lidas.
A única coisa que podia ver eram suas listras cinza sobre sua pele branca.
Continuou caminhando, saindo do beco escuro e chegando próximo à civilização. O ambiente estava escuro e quieto, todos dormiam.
Aproximando-se mais, nota um ser muito estranho à sua frente. Deitado dentro de uma caixa de papelão, inerte, olhava diretamente para ele. Desviando seu rumo desta vez em direção a este estranho coberto de pelos molhados.
A criatura gerou um som chamativo o bastante para acordar o morador da casa, o qual guardava.
-Vai deitar Rex! Disse saindo de sua casa impaciente com o barulho.
O indigente o olha, parado. Em pouco tempo descobre dois novos seres bem diferentes dele. Estava com um bom receio, até que...
-Mas o que é você? Disse o ser de maior estatura, da porta de sua casa, notando seus fluorescentes olhos vermelhos.
Não importava que forma estranha ele tinha. Poderia ser um animal que fugiu do zoológico, devido às suas grandes orelhas, mas com certeza não era. Aqueles olhos eram diferentes dos qualquer ser, era assombroso.
Continuou.
-Saia daqui! Agora! Disse desta vez com um tom imperativo.
No mesmo instante jogou uma vasilha contra ele, que estava próxima à casa daquele que se chamava “Rex”. O conteúdo desta se espalhou o acertando completamente.
Aouch!!!
Assustado, fugiu em direção aos cantos ainda mais escuros da rua.
O homem com certo receio ainda foi pegar a vasilha no chão, enquanto estava ainda preparado para golpeá-lo novamente, se preciso.
Recolhendo o que pode do resto da ração, voltou rápido para dentro da casa com o cão, se questionando se era real o que tinha visto.