por DBSanches » Sex Dez 07, 2012 10:58 pm
NOVO EP! 07/12/2012
Senti minha consciencia voltando aos poucos, eu não conseguia mexer meu corpo, não tinha forças nem pra mexer minhas palpebras, mas eu sentia meu corpo, sentia o lençol que me cobria, macio, fino, gelado.. também uma brisa leve batendo no meu rosto, era tranquilizante. Mas acima de tudo, sentia minha energia, outra prova de que estava vivo..
O veneno era forte, mas por sorte consegui chamar atenção de alguém da capital, pelo menos, assim eu acho.. não faço idéia de onde estou e não ia gastar energias pra tentar descobrir, se não me mataram até agora não acho que ainda o farão...
Ouvi ruidos de longe, provavelmente fora da sala em que eu me encontrava, o som foi ficando mais alto, eram vozes.. um rangido de porta abrindo me alarmou da chegada de alguém..
-O estado desse garoto está grave, o ferimento espiritual no peito chegou a um ponto irreversível, ficou tanto tempo perdendo energia que o próprio corpo começou a se consumir pra continuar vivo.. Tivemos sorte de conseguir mante-lo respirando, infelizmente a recuperação total era impossível.- era uma voz masculina, tinha um tom preocupado e cansado, deve ter tido um trabalho duro, e pela descrição
eles tão falando do Lelo, que bom que conseguiram o manter vivo..
-Que bom que a gente conseguiu estancar o vazamento espiritual rapidamente, ele vai sentir uma dor forte no peito pro resto da vida e seu potencial mágico decaiu demais... E o outro garoto, chegou aqui extremamente pálido com a enorme perda de sangue, aqueles cortes eram profundos, fazia tempo que eu não via algo daquele tipo..- Outra voz, era uma voz mais suave, feminina, ela estava tão preocupada
quanto o homem, talvez até mais..
-Por incrível que pareça o caso dele era mais simples, mas ele ficará tanto tempo quanto o outro garoto aqui conosco, precisa recuperar o sangue perdido e se livrar dos restos do espírito tóxico que dominava seu corpo e a cicatriz dele não será tão chamativa..
-É, aquela mancha negra no peito do loirinho ta horrível..
Senti uma pontada de dor aonde se encontrava o ferimento, meu corpo se contraiu automaticamente e um grito escapou da minha boca, não foi uma dor forte, mas a reação foi automática
Os casal veio até mim, se aproximaram, tiraram o lençol de cima de mim, o homem segurou meu corpo e me sentou na cama, a mulher desenrolou a faixa que envolvia abdome, logo me deitaram e começaram a analisar o ferimento.
-O esverdeado na pele produzido pelo veneno já sumiu, mas ainda deve ter algum resto da toxina... só ver o pus que ainda sai e a demora pra cicatrizar o ferimento..- falou a mulher
-Esse Salamandra é realmente forte, esse veneno mataria qualquer pessoa facilmente, fico impressionado que tenha sobrevivido tanto tempo com o veneno no corpo sem nenhum dano interno. - o homem falava devagar, provavelmente ainda estava analisando o ferimento
-Já ouvi pessoas falando que de onde ele vem as pessoas tem uma proteção natural contra venenos, os venenos causam danos neles, mas são muito mais fracos, ele tem anticorpos poderosos no organismo..
Ficou tudo quieto por um tempo, a brisa que tocava meu rosto agora estava mais forte, ouvi o barulho de cortina fechando e o homem tornou a falar.
-Precisamos retirar o resto de veneno desse ferimento, de mais uma anestesia nele...
Uma leve picada no meu braço direito me avisou que a injeção já havia sido aplicada.. eu.. não... ahn?...conssss...igo... raciooo...ci...na...r......
Acordei de um sono sem sonhos, tentei me sentar e apesar de sentir uma leve dor no abdome eu consegui... Estava em uma cama de solteiro, mais semelhante com uma maca, não era desconfortável, mas não era a melhor cama em que eu já tinha me deitado, ao redor estava uma cortina tão branca quanto o lençol que me cobria e me impedia de olhar a sala em que eu me encontrava.. Virei de lado e botei minhas
pernas para fora da cama, tentei me levantar mas minhas pernas estavam fracas de ficar deitado e eu cai sentado novamente... estiquei meu braço esquerdo e segurei firme na cortina, mas decidi não tentar levantar denovo, puxei a cortina pro lado pra faze-la abrir, não consegui abrir muito, mas consegui ver a janela de onde vinha a brisa e bem próximo à janela estava outra cama, e nela eu pude ver o Lelo
a cor já estava devolta em seu rosto e ele respirava quase normalmente, seu peito subia pouco, provavelmente por causa da dor que ele sentia e que irá sentir até o fim de sua vida..
Procurei por meu bastão, mas ele não estava a vista... o local era inteiro branco, provavelmente era um hospital.. como não conseguia ver o quarto inteiro e agora já me sentia melhor, resolvi mapear o local, fechei os olhos e emiti um leve pulso de energia, ele se espalhou pelo quarto, rebatendo nas paredes e me dando um mapa do local, haviam quatro camas, uma vazia, eu estava na segunda da esquerda pra direita, havia uma mesinha próxima a minha cama,
o Lelo estava na primeira cama e provavelmente o Edu na quarta cama... não havia mais ninguem na sala e a porta estava fechada.. Olhei novamente pro Lelo, ele estava com um tipo de manto branco, tinha mangas curtas e eu podia ver no braço do Lelo o quanto o corpo dele sofreu, sua pele estava completamente negra da mão esquerda até metade do braço, pelo menos pelo braço esquerdo não sairia mais magia, não foi só o ferimento no peito que aumentou, parece que o corpo dele
buscou outros locais para não morrer tão rapidamente...
Olhei pro meu próprio ferimento... algo tão pequeno em comparação com os outros dois e eu fraquejei.. mesmo envenenado, é algo que não deveria me afetar daquela maneira... eu tinha que levantar e seguir, precisava falar com o Raposa e com o DB...
Segurei a cortina e me puxei pra cima, antes que a cortina rasgasse eu me estiquei e apoiei na mesinha, ajoelhei pra poder descansar a perna...
O chão tava gelado.
Ouvi som de passos e olhei pra porta segundos antes dela abrir, a mulher passou o olho pelo quarto e focalizou a visão em mim no chão, os olhos dela e arregalaram e ela veio correndo em minha direção..
-Você ta bem?!
-Eu to ótimo, preciso sair daqui, preciso avisar dois amigos meus que estão longe, preciso encontrar eles...
-Não está em condições de sair andando daqui.
Olhei nos olhos dela, eram verdes, bem claros, seus cílios eram curvados e negros, destacavam ainda mais a cor dos olhos, seu nariz era levemente arrebitado, as sombrancelhas finas e os cabelos negros, lisos e longos, ela era linda..
-Eu...
-O que?- ela falou levantando as sombrancelhas
Chacoalhei a cabeça de leve, tinha perdido o foco
-Eu preciso ir, mesmo que for me arrastando.
Ela piscou duas vezes e inclinou a cabeça pra esquerda
-Olha, eu não posso deixar você fazer isso.. Aliás, o general do exército da capital quer falar com você logo, ele disse que é de extrema importância e que ele exige que você fique aqui até que tenham entrado em contato.
-Exigiu? E porque ele acha que tem direito de exigir algo de mim?
-A capital salvou a você e a seus amigos, pedimos que aceite ao menos isso.
-Se não?..
-Olha, eu.. nós, nós o admiramos muito aqui, não só aqui, o mundo todo, peço que aceite, não queremos que nada aconteça a você..
Ela sorriu mas a mensagem não tinha nada de alegre...